sábado, 7 de junho de 2025
Moradores do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, têm reclamado de uma invasão de mariposas, principalmente no início da noite, que têm provocado diversos casos de reações alérgicas – com situações de coceira e ardor, levando muitas pessoas a procurarem as emergências de saúde.
Locais próximos de matas fechadas e de regiões de mangue são favoráveis ao aparecimento do inseto. Segundo a secretária de Saúde do Cabo, Ana Albuquerque – que também é médica pediatra, são as cerdas presentes no abdômen das fêmeas que provocam as reações.
“A mariposa tem hábitos noturnos e o que a gente está orientando para prevenir o contato com as cerdas do inseto é manter portas e janelas fechadas no final da tarde, janelas teladas – para evitar que a mariposa entre em casa, e evitar acender a luz, pois ela é atraída pela luminosidade”, explicou a secretária.
Ana Albuquerque alertou ainda para que as pessoas evitem a automedicação e, em caso de coceira, manter sempre as unhas cortadas e as mãos limpas, para evitar uma infecção secundária.
Questionada sobre a prática de algumas pessoas de utilizarem medicamentos receitados para os vizinhos, sem precisarem se consultar com um médico – prática que tem sido comum segundo relatos de moradores entrevistados pela reportagem da TV Globo, a secretária de Saúde explicou que não é aconselhável.
“A automedicação é sempre contraindicada, pois o seu caso pode ser diferente do caso do seu vizinho. A pessoa nunca deve se automedicar; é preciso que o médico dê a orientação adequada para cada paciente”, explicou a pediatra.
De acordo com a secretária de Saúde, já foram notificados 202 casos na cidade. Ela ressaltou que o tratamento ajuda a diminuir os sintomas e que a doença é autolimitada e dura em torno de 15 dias.
Animais são importantes para o habitat
Segundo a bióloga Gabriela Steindorff, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fora a questão das dermatites, as mariposas não causam maiores transtornos e, pelo contrário, são animais que contribuem para o equilíbrio ambiental.
“São insetos que ajudam no controle de plantas invasoras, na polinização, e que são alimento para vários outros animais. Matar elas não seria uma solução, mas sim um problema”, ponderou a bióloga.
Casos anteriores e prevenção
As mesmas queixas foram registradas no Grande Recife e em cidades da Zona da Mata Sul, do Agreste e do Sertão, em 2021. Na ocasião, a “invasão” de mariposas em áreas urbanas também provocou um surto de reações alérgicas nos moradores de algumas comunidades.
Segundo a prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, a Vigilância em Saúde está investigando e monitorando os casos e as localidades afetadas com um estudo clínico epidemiológico e dos insetos.
Entre as medidas adotadas até agora pela prefeitura está divulgação de medidas para que as pessoas possam se prevenir do contato com as mariposas.
Já a secretaria de Saúde de Pernambuco disse que está acompanhando o caso e como orientações à população recomenda a Nota Técnica de n° 31/2022 do Ministério da Saúde, que orienta:
? Informar sobre a ocorrência da mariposa gênero Hylesia no ambiente e sobre as medidas necessárias para evitar o contato com o animal;
? Evitar a permanência embaixo de focos luminosos durante o anoitecer;
? Evitar acender as lâmpadas internas e externas das residências ao anoitecer, para evitar atrair o inseto;
? Procurar manter portas e janelas fechadas durante o período noturno e, se possível, colocar telas nas janelas;
? Limpar com um pano úmido os móveis para retirar possíveis cerdas da mariposa, até 3 vezes ao dia;
? Quando as mariposas estiverem caídas, para retirá-las, evitar varrer o local. Utilizar pano úmido ou jogar água no chão, para evitar que as cerdas se espalhem;
? Lavar paredes internas e externas para minimizar a postura da massa de ovos;
? Trocar a roupa de cama todas as noites. Se não for possível, retirar roupa de cama ao levantar, e recolocar quando for dormir;
? Orientar sobre a importância de procurar atendimento médico para realizar o diagnóstico e o tratamento adequado, quando se fizer necessário.
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